Após uma certa ausência causada por razões que demoraria demasiado tempo a nomear, aqui estou eu.
Há pouco tempo, o meu irmão disse-me que este blog era demasiado triste. Disse-lhe que um dia escreveria aqui uma anedota só para ele. De facto, fiquei desmotivada. A minha escrita é como que um reflexo de mim. Do que sou hoje e fui em tempos. E do que ainda poderei vir a ser. Por que razão é a poesia melancólica? Por que razão é a escrita intimista algo triste? Não vos sei dizer. A única razão que encontro é que provavelmente todos nós somos melancólicos e tristonhos quando nos referimos a quem somos de verdade. Um sorriso é sempre real, não o vou negar. Mas quando escrevemos não é isso que se revela. Há sempre algo mais profundo, que quase sempre é conotado como triste, deprimente. Pelo menos para quem não lê, de facto. Quem se limita a ler o que vê, sem pensar no que está por detrás. A esses não posso, de todo, ensiná-los. Posso apenas confirmar perante todos vós que sou uma pessoa alegre e de bem com a vida. Tenho os meus momentos como qualquer um mas não vivo em constante sofrimento.
Assim, os meus textos continuaram a ser fragmentos de mim e do que sou. Se são demasiado tristes, peço desde já desculpa. Um dia serão alegres. Se assim tiver de ser.
Obrigada.
Até breve.
Ao de leve, lenta brisa te toca. O som espalha-se no azul céu.
O que era?
Lentamente, descobres o secreto caminho para casa.
O vento sopra com mais força.
Sussurro ténue ao teu ouvido: "Fecha os olhos, loucura".
Sorriso dentro de Ti.
Ilumina-se o branco rosto que tanto escondes. As mãos, antes pesadas, sobem ao mundo. Agarram o alheio.
Crias um Universo de densos e sensiveis tactos. Longos e fugazes sons.
Efémero esse teu devaneio de que a vida é bonita.
Momento de veloz suplica ao mar. Ondas cortantes na costa.
É o fim?
Deixo-me levar. Vou, com a incerteza do regresso. Sem despedidas. Na verdade, sem nada. Sou infeliz? Calimero? Não. Vejo-me, sim, rodeada de mim e de gélidas lágrimas que rolam no meu rosto. Deambulo, por entre as trevas, num pesaroso caminho que não é o meu. Nem nunca será. Fugir? Será esse o meu destino, talvez. Destruo o mundo que tenho nas mãos. Escorre-me tristeza pelos dedos. Nenhum esforço faço para a agarrar. Eu caio, também. Desamparada, estilhaço-me. Parto-me em mil pedaços. Sou eu, novamente, mas sem apoio. Qual corda bamba. Só. Rodeada agora de uma solidão sombria. Fria. Silenciosa. Inutil. E os meus olhos enchem-se de água. Também ela fria.
O que sou eu, afinal?
Alguém sem rumo. Sem história. Mas com passado. Só meu. Sem coerências. Como o tempo que passa, desagregado de sentido. Não interessa com que se depara. Segue o seu caminho. Tal como eu. Sigo o meu rumo. Sem pressas e sem destino. Sigo. Em silêncio. Sozinha. Longe de um mundo desenhado para mim. E para o resto das pessoas que por mim passam. Não as conheço. Nem elas a mim. Somos desconhecidos aos olhos uns dos outros. Não me interessa o que pensam ou sentem. Apenas abro os braços aos que na minha Vida entram sem malicias. E eu mostro-lhes o caminho. O meu? Talvez. Sem receios, confio no destino. E no fim da viagem, continuo sozinha. Mas com alguém do meu lado. Quem?
al berto. poesia. prosa. desabafos.
anna karenina. desabafos. literatura. ci
ego. grito. coragem. desabafo.
mudança. desabafos. ego. coragem.
revolução. desabafos. grito. silêncio.
silêncio. ego. paisagem. lá fora.