Sentadinha numa escada de ferro estava eu. Pensativa, debruçavam-se sobre mim ideia sublimes sobre o estado do tempo. Não chovia. Não fazia Sol. Estava, por isso, o tão chamado "tempo ameno". Comecei a pensar que deleitar-me com assuntos sem qualquer sabor não era bem a minha prioridade. Nesse instante, alguém passou por mim. Sei que nos cumprimentámos mas não lhe vi a cara. O que me levou a extravasar para este herói salvador foram os seus sapatos. Eram amarelos. Deu-me a sensação que brilhavam. Esqueci, pouco depois, o assunto. Dirigi-me, a custo, para uma cadeira abandonada. Iam tirar dali a escada. Tenho, desde sempre, este triste fado de me sentar em sitios que existem por pouco tempo. Acenei-lhe, desejei-lhe boa viagem e sentei-me... No chão. Não ia cometer o infortunio de ser a ultima pessoa a sentar-me naquela cadeira. Retomei o pensamento. Agora via vulcões. Não percebi a piada de mau gosto de alguém ao longe. Provavelmente nem piada era. Seja como for, era já a segunda pessoa que me desligava do pensamento. Este teimava em dar o ar da sua graça. Resolvi, então, parar. Deixei de pensar nesse dia. Pelo menos não me dediquei mais a coisas comuns. Senti-me, finalmente sentada na ultima cadeira da casa que ainda não tinha seguido viagem, completamente fora de mim. "Sou tão chata" disse-me. "Ora aí está uma grande verdade" diz alguém para outro. Era o dos ténis amarelos. E brilhavam cada vez mais. Não fiz esforço algum para lhe ver o rosto. Estava já levantada quando bateu à porta a lágrima da saudade. Não podia, desta vez, utilizar o tempo como desculpa. Via-me já a deitar um derradeiro olhar sobre o soalho que sempre pisei. A fechar a porta. A descer as escadas e sair. Perdi de vista os sapatos amarelos. Ia andando, sentada. Cá estava eu, novamente, a pensar como o tempo estava... Ameno.
Dia 8. O DIA.
Até logo.
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ego. grito. coragem. desabafo.
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