Ás vezes é difícil. Sem dúvida que é difícil. E eu poderia dizer: se fosse fácil não tinha graça. E não tinha. Mas também não tem graça quando é difícil.
Não vos acontece sentirem-se isolados? Propositadamente isolados? Quererem o mundo mas repudiarem o Mundo?
Há dias difíceis. Há dias impossíveis. E nesses dias não escrevo. Não como. Não falo. Fico quieta no canto da sala a roer as unhas em desespero. Nunca sei como reagir à vida quando os dias são difíceis. Talvez devesse gritar? Mas para quem? Quem, de facto, me ouve senão eu própria, egocêntrica e mesquinha?
Estou só. Nunca sozinha. Mas sempre Só. Deixo-me levar pelo mundo, pelas cores maravilhosas do mundo. Mas estou só. Não tenho vontade de chorar porque isso é dos outros. Para os outros. Chorar não é ser fraco. É ser público. É ser do Mundo e eu não quero. Por isso, mordo o lábio. Oh, como gostava de ser gente. De ser incógnita. De ser igual a vocês. Tão simples como um café pela manhã. Tão despreocupada. Certamente abandonaria o meu canto da sala. Sentar-me-ia no sofá, embrulhada em mim e em vocês. Mas estou só. Ninguém me atinge e enfraqueço quando me tocam, quando me ouvem. Por que quero eu o mundo quando não o vejo, não o sinto? Por que quero eu viver se não amo a vida? Ah, tudo é tão dificil, tão entediante.
Há dias dificeis.
Há dias impossíveis.
Caty.
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