Segunda-feira, 28.02.11

 

Perdi a minha identidade. Não estou a brincar! Não faço ideia onde possa ter ficado. Lembro-me que procurei por todo o lado. Pensei tê-la visto perto do rio. Retomei a procura. Até hoje, não faço ideia por onde andou. Felizmente para mim, acordei para a esquerda e lá estava. Mal tratada, espezinhada. Tinha rasgos no rosto e um ar triste e negro. Fiquei com medo que morresse. Mas acreditei na força da minha identidade e posso assegurar-vos que está saudável e já brinca comigo.

Por vezes, esconde-se. Deixo-a estar. Aprendi a conviver com ela. Não é timida. Não gosta de pessoas vaidosas. O problema é ela fazer-me rir. É um pouco mal educada, sempre a falar alto, sem medo do tempo. Não parece ter qualquer ligação a mim. No entanto, pertencemo-nos. Não é, por isso, estranho que ela tenha fugido enquanto lia a definição de solidão. Voltou destroçada, com saudades. Sem limites.

Quando nos conhecemos, desprezava-me. Depois, sei que não gostou de mim. Do meu "ar de arrogância, com manias de timida e problemas de calada..."

Renunciava epigrafes, detestava poesia. Hoje, finalmente domesticada, lê todos os dias para mim. Respeita o inicio de cada pensamento. Estranho, deitada no chão, o desassossego com que inicia a canção. Introduz a frase, acrescenta a vírgula, esquece os pontos finais. Por vezes, calo-a. Cansam-me os seus exagerados histerismos que sou incapaz de reproduzir. Ela a face e eu... A face. Nem como opostos nos atraímos e, no entanto, não deixamos de estar uma na outra.

Somos, assim, políticamente incorrectas e abreviamos maus pensamentos. Somos simples no sentir, rápidas no responder e cruéis no divulgar.

 

 

 

Até ao próximo dia de Sol.


Sinto-me sentada à beira mar.

publicado por Caty. às 18:01 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 20.12.10

 

Boa noite a todos.

 

Começo por pedir desculpa aos leitores pela falta de notícias. Na verdade, não sei o que aqui escrever. Posso falar sobre o Natal, o tempo, as férias... Mas não. Não me apetece escrever sobre nada. Embora tenha uma ligeira (e crescente) vontade de escrever sobre tudo.

Por onde começar? Tem sido esse o meu problema desde sempre. Nunca sei como começar um parágrafo. Uma simples frase desiste de mim. Pena sinto mas não luto contra isso. Sim, chamam-lhe inércia. Eu chamo-lhe preguiça. Embora forçado, esboço um sorriso ao primeiro (e único) tema que vos vou apresentar: é Natal!

 

- E?

 

- E eu gosto muito do Natal...

 

- Porquê?

 

- Sei lá. Gosto. É um momento diferente no meu ano.

 

Esgotei as respostas. O que é mesmo o Natal? O que celebramos nós? A família? A amizade? A solidariedade?

Que tristeza... Chove lá fora com agressividade cortante e eu aqui sentada a escrever sobre um tema tão gasto e ao mesmo tempo tão novo. A verdade, caríssimos, é cruel: eu estou desiludida com o Natal. E vocês? O que é isso? Uma época de quê, afinal? Consumismo, talvez. Claro que a sua magia nos traz surpresas: recebemos mensagens de pessoas que não vemos há dois ou três anos, as confusões e discussões são deixadas de lado... Ou não. Ou fica tudo na mesma situação em que a distância não diminui, nem a mágoa. Se o ressentimento se evaporasse porque é Natal não faria sentido e por isso nunca existiria. Mas vá, deixando os cepticismos de lado, até posso concordar que é sempre uma época diferente. As pessoas parecem diferentes. Para melhor, creio (diz-me a observação profunda a que me tenho dedicado). Mas não passa daí. Não vejo evolução no sentido positivo e feliz. Eu bem sei que o mundo não está fácil nem agradável. Ainda agora, uma noticia prende-me a atenção por instantes: crianças que não têm o que comer. Como é possível, senhores e senhoras, esta desigualdade e esta monstruosidade? Arrepia-me saber que há por aí tanta gente que não vai ter um Natal feliz. Mas este texto sem propósito nenhum ganhou agora um objectivo. Sim, este tornou-se um texto de solidariedade. E assim, sem demoras, porque todos os meus caros leitores já devem estar fartos de mensagens natalícias, eu me despeço. Não sem antes desejar a todos um feliz Natal. E estou com aqueles que este ano podem não ter uma casa ou comida para em familia disfrutarem de um bom Natal.

 

 

 

 

  

 

Um grande bem haja a todos e "sejam felizes".

 

 

 

 

 


Sinto-me Assim assim.

publicado por Caty. às 20:38 | link do post | comentar

Sexta-feira, 03.09.10

 

 

Não sei para quem falo. Não sei quem me ouve. Descobri, recentemente, que estou sozinha. Aguentem-se. Não estou totalmente só. Estou apenas sozinha. Depreendo que o tenham sentido, pelo menos, alguma vez na vida. É de um extrema arrogância, bem sei. Mas a irritação que por vezes sinto deixa-me pensativa.

Notem que nunca somos plenamente humildes. Por muito que apregoemos tais clichés, na mais pura das realidades estamos sós e impomos experiências aos demais transeuntes da nossa vida. Basta um simples clique e tudo o que somos nos é roubado. As nossas histórias passam de mão em mão. Outros se riem dos nossos momentos como se fossem deles. Das nossas raivas, até. Poderiam pensar vocês que sou egoista e que até reivindico sentimentos. Verdade que gostava de ter, uma vez na vida, algo meu. Não totalmente, como bem me entendem. Apenas queria dizer ao mundo que me bate à porta a verdade sobre mim. Sou assim e nada nem ninguém pode alterar isso. Mentirinha grande, esta... Na verdade, com eufemismos vos transmito que a minha identidade foi roubada. Dilacerada por incompetências apenas por mim criadas.

Não nego a infelicidade cortante que me assombra ao sentir que sou alvo de hipocrisias e condenções mas também não escondo a verdadeira felicidade ao sentir que me procuram para uma frase roubar. Ou um gesto. Ou um momento.

Deixei de ser eu no momento em que me tornei publica. No breve instante em que as consequências da confiança não passavam de ilusões. Aprendi com o erro, meus caros. Hoje abstenho-me de exaltações e contenho a ira. Sou eu... Mas só para mim.


Sinto-me Em estado de choque...

publicado por Caty. às 17:00 | link do post | comentar

Segunda-feira, 29.03.10

 

 

Sentada estava, por cima da saudade demente. Ela ria-se na minha cara e eu sucumbia à sua maldade.

Eterna, a longa falta me fazia desesperar. Falei ao mar e o seu zumbido matou a réstia de felicidade que pairava.

Por certo me dei a conhecer ao céu que longe de uma camisola quente e de uma visão fria me trouxe o alento. Com ele recuperei o perdido sorriso que nada mais queria com a minha mente.

Turva e silenciosa, caminhava por entre nuvens de pó. E de rigor acertado aos meandros da paixão me deixei levar pelo que não tinha. Agora, ainda sentada na pedra que tem escrita a saudade, me despeço do mundo. Dou beijos ao ar e liberto a terra por entre os dedos.

Digo adeus e parto.

 

 

 

 

 

Até breve.



publicado por Caty. às 14:16 | link do post | comentar

Quarta-feira, 03.02.10

 

Andamos por este mundo fora, questionando. Criamos expectativas cada vez mais altas e depois dá-se a grande queda. Diariamente, somos confrontados com ideias, revoluções, manifestações ou até silêncio e inércia. Seja como for, tudo fazemos para superar a vida, os outros. Oportunidades? Temos algumas é certo. Por vezes é difícil agarrá-las mas tentamos. É humano perder as forças. É sobrenatural recupera-las. Os fanáticos dirão que os que roçam os joelhos no chão são fracos. Que apenas os que lutam (não importando como) são heróis. Cepticismos á parte, não acredito. Ninguém supera ninguém. Essa mania traumática de catalogar a sociedade chega a ser doentia. Acreditem que serão reconhecidos no fim. Talvez não por alguém de “cima” mas por vocês. Não há nada mais puro do que o orgulho em nós. Deixar de acreditar, duvidar ou perder a fé é legítimo. Nem que seja por instantes, acontece. Só isso fará com que a fé se restabeleça. Nada se pode ganhar sem se perder. Vejam isto como uma lei. Não podemos escapar. E olhem, ainda bem. Ao menos valorizamos alguma coisa: nós.

 

 


Música: Joss Stone - Free me
Sinto-me Pensativa.

publicado por Caty. às 20:13 | link do post | comentar

Domingo, 24.01.10

Após uma certa ausência causada por razões que demoraria demasiado tempo a nomear, aqui estou eu.

Há pouco tempo, o meu irmão disse-me que este blog era demasiado triste. Disse-lhe que um dia escreveria aqui uma anedota só para ele. De facto, fiquei desmotivada. A minha escrita é como que um reflexo de mim. Do que sou hoje e fui em tempos. E do que ainda poderei vir a ser. Por que razão é a poesia melancólica? Por que razão é a escrita intimista algo triste? Não vos sei dizer. A única razão que encontro é que provavelmente todos nós somos melancólicos e tristonhos quando nos referimos a quem somos de verdade. Um sorriso é sempre real, não o vou negar. Mas quando escrevemos não é isso que se revela. Há sempre algo mais profundo, que quase sempre é conotado como triste, deprimente. Pelo menos para quem não lê, de facto. Quem se limita a ler o que vê, sem pensar no que está por detrás. A esses não posso, de todo, ensiná-los. Posso apenas confirmar perante todos vós que sou uma pessoa alegre e de bem com a vida. Tenho os meus momentos como qualquer um mas não vivo em constante sofrimento.

Assim, os meus textos continuaram a ser fragmentos de mim e do que sou. Se são demasiado tristes, peço desde já desculpa. Um dia serão alegres. Se assim tiver de ser.

 

Obrigada.

 

 

Até breve.

 


Sinto-me A passear pelo Chiado.
Música: Janis Joplin - Piece of my heart

publicado por Caty. às 17:58 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Quinta-feira, 14.01.10

 

De um fragmento para outro, percorro-me sem tendências. Sou de uma veloz tinta branca. Caminho, por entre passos apressados, ocultos na escuridão. Luz cintilante coberta de pó. Limpo a cara. Levo os dedos ao rosto. Escondo-o. Submerso em chamas azuis e verdes, recrio o mundo. Pinto-me de preto. E depois de amarelo. Sol. Lua. Vento. Leva-me para longe a humilde sensação do vestido rosa. Baloiço-me em sublimes relíquias de doçura. Deixo-me cair. Levanto-me. Novamente a queda. Seduzo o arco-íris. Loucura febril de mim. Socorro.

Música: Yan Tiersan - La Valse d'Amelie Poulain
Sinto-me Feliz?

publicado por Caty. às 00:11 | link do post | comentar

Quarta-feira, 06.01.10

 

Ao de leve, lenta brisa te toca. O som espalha-se no azul céu.

O que era?

Lentamente, descobres o secreto caminho para casa.

O vento sopra com mais força.

Sussurro ténue ao teu ouvido: "Fecha os olhos, loucura".

Sorriso dentro de Ti.

Ilumina-se o branco rosto que tanto escondes. As mãos, antes pesadas, sobem ao mundo. Agarram o alheio.

Crias um Universo de densos e sensiveis tactos. Longos e fugazes sons.

Efémero esse teu devaneio de que a vida é bonita.

Momento de veloz suplica ao mar. Ondas cortantes na costa.

É o fim?

 

 


Música: Aretha Franklin - Rescue Me

publicado por Caty. às 20:31 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 03.01.10

 

Deixo-me levar. Vou, com a incerteza do regresso. Sem despedidas. Na verdade, sem nada. Sou infeliz? Calimero? Não. Vejo-me, sim, rodeada de mim e de gélidas lágrimas que rolam no meu rosto. Deambulo, por entre as trevas, num pesaroso caminho que não é o meu. Nem nunca será. Fugir? Será esse o meu destino, talvez. Destruo o mundo que tenho nas mãos. Escorre-me tristeza pelos dedos. Nenhum esforço faço para a agarrar. Eu caio, também. Desamparada, estilhaço-me. Parto-me em mil pedaços. Sou eu, novamente, mas sem apoio. Qual corda bamba. Só. Rodeada agora de uma solidão sombria. Fria. Silenciosa. Inutil. E os meus olhos enchem-se de água. Também ela fria.

 

 


Música: Yan Tiersan - La valse d'Amelie

publicado por Caty. às 20:05 | link do post | comentar

 

O que sou eu, afinal?

Alguém sem rumo. Sem história.  Mas com passado. Só meu. Sem coerências. Como o tempo que passa, desagregado de sentido. Não interessa com que se depara. Segue o seu caminho. Tal como eu. Sigo o meu rumo. Sem pressas e sem destino. Sigo. Em silêncio. Sozinha. Longe de um mundo desenhado para mim. E para o resto das pessoas que por mim passam. Não as conheço. Nem elas a mim. Somos desconhecidos aos olhos uns dos outros. Não me interessa o que pensam ou sentem. Apenas abro os braços aos que na minha Vida entram sem malicias. E eu mostro-lhes o caminho. O meu? Talvez. Sem receios, confio no destino. E no fim da viagem, continuo sozinha. Mas com alguém do meu lado. Quem?


Música: Mafalda Arnauth . Meus lindos olhos
Sinto-me Cansada.

publicado por Caty. às 01:23 | link do post | comentar | ver comentários (1)

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