Tenho descoberto na leitura uma noção de vida completamente diferente. Os autores, escritores, sonhadores aperceberam-se da dimensão real da nossa existência e imortalizaram-na de uma forma enigmática, sim, mas sempre profunda.
Sou uma incondicional leitora de Virginia Woolf. Espanta-me a sua capacidade de não-abstracção. O facto de um escritor ter o poder de transfigurar a realidade em realidade é incrível. A sua ficção deixa-nos uma sensação de morte lenta. De culpa pela existência. De necessidade. Mas é tão óbvio que no fim somos todos apenas e fatalmente mortais. Woolf recria-nos e obriga-nos a admitir o erro da Humanidade. Deixa-nos obcecados pela leitura e pela escrita como seriamos obcecados pelo oxigénio se ponderássemos sobre ele.
Em tempos deparei-me com a incrível ideia de reconhecer no Escritor um ser completo. Que não precisa de fama. Apenas “dinheiro e um quarto que seja seu”. Mais real do que isto apenas a vida. Mas essa, a escritora mostra-nos que nem existe. A ideia de escrever sozinho como se não se dependesse do mundo é um fascínio e um Drama. Uma veracidade encantadora e, ao mesmo tempo, de profunda loucura. O que leva estes seres brilhantes à morte? E morrem, de facto? Cem anos depois, Woolf é lida em todo o mundo. Cem anos depois, Woolf recria o mundo e deixa-nos sem fôlego. Cem anos depois, Woolf nunca se suicidou. Então o que a levou à morte? À loucura invisível de quem ouve vozes e se sente a profanar a sanidade mental?
Para mim, Woolf nunca morreu. Não existe nada que a defina para além dela. Virginia Woolf escreveu para a eternidade.
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