O dia escurece. Longo. Lá vai um carro. Coberto de neblinas e gotas de chuva. Indiferente. Passa outro. Uma melancolia exacta. Degredo de uma rotina eterna. Sem escapatória. Para sempre. Carros, pessoas, dias, nuvens e chuva ou Sol. Tudo passa. Tudo me percorre a vista e se liberta em seguida.
Estou á janela. Deixo-me ficar. Quieta. Calada. Observo apenas o constante reboliço na avenida. Só. Era manhã. Agora é noite. Logo será manhã. No fim disto virá o inicio. Vem sempre. Nada se perde nesta intrusão de confissões sem dono. Não pára de chover. Será chuva ainda assim? Mês de reboliços notórios. Pessoas apressadas que me desprezam. Que me abandonam com longos passos. Digo-lhes timidamente adeus com o receio de ser vista. Ouvida. Estendo um braço e deixo as sensações deste mundo. Levanto-me. Estou cansada de os olhar. E ao tempo. E de nunca o sentir. Fecho a janela e atrás de mim deixo o escuro véu que se escapou do céu. Começo a andar numa lentidão que nem eu conheço. Abro a porta. Embrenho-me nesse mesmo véu. Já não o temo. Suspiro.
Até logo.
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